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Mostrando postagens de agosto, 2013

Rua 3, 284

Hipoteticamente era para chover pelo menos uma chuva por mês. Hoje, marca o quadragésimo oitavo dia sem chuva. Estava sentado na cama, abaixado, amarrando o cadarço do tênis e tentando evitar que o sangue escorrendo do nariz o sujasse. Uma gota foi inevitável. Deveria ser umas quatro da tarde. Perdeu o relógio outra vez. Fechou a casa sem cerimônia, sentou na calçada suja e esperou. A rua quase deserta estava movimentada aquele dia. Carros da polícia seguiam em direção a uma grande construção abandonada no final do bairro. Não demoraria. Ou demoraria, sempre chegava atrasada, esbaforida dizendo que estava resolvendo um monte de coisas. Um vento varreu as folhas na rua e fez subir uma nuvem imensa de poeira.  Lembrou que escutara no telejornal que estava pra chegar uma frente fria. Mas sem chuva. Ela chegou quase uma hora depois do combinado e como sempre esbaforida. Não escutou nada do que ela falava no curto trajeto entre um bairro e outro, cruzando uma avenida. Subi